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Como está a terapia CAR-T Cell no Brasil?

Como está a terapia CAR-T Cell no Brasil?

Há cerca de um ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a entrada da primeira terapia CAR-T Cell no Brasil. Depois dela, dois outros tratamentos dessa linha foram aprovados, mas somente a partir de novembro que a comercialização foi iniciada. Além disso, desde essa primeira aprovação, hospitais brasileiros desenvolveram e estão participando de estudos para analisar novos procedimentos e criar terapias totalmente nacionais.

Em fevereiro de 2022 o Kymriah® (tisagenlecleucel), da empresa Novartis Biociência, chegou ao nosso país. Ele foi aprovado para pacientes de leucemia linfoide aguda (LLA) B refratária ou a partir da segunda recidiva com até 25 anos e pacientes adultos com linfoma difuso de grandes células B.

Em abril, foi a vez do Carvykti® (ciltacabtageno autoleucel), da empresa Janssen-Cilag Farmacêutica, ser aprovado para pacientes de mieloma múltiplo (MM) que já realizaram, pelo menos, três terapias anteriores.

Alguns meses depois, em outubro, a terceira terapia, o Yescarta® (axicabtagene ciloleucel), da Kite, recebeu aval da Anvisa. Ele é recomendado para pacientes adultos com linfoma de grandes células B recidivado ou refratário.

Porém, apesar de todos esses procedimentos já estarem aprovados, somente o Kymriah® foi precificado, ou seja, foi definido o quanto ele vai custar, e está sendo comercializado – segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CEMED), ele poderá custar até R$ 2,1 milhões por paciente. O Yescarta® está em processo de ser precificado e alguns centros de tratamento brasileiros estão realizando o estudo CARTITUDE-5, com o Carvykti®.

A terapia chegou como uma promessa de revolucionar o tratamento onco-hematológico. Mas, o acesso a ela ainda está bastante restrito.

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CAR-T Cell para quem usa o sistema privado ou tem plano de saúde

Terapia CAR-T Cell para quem tem plano de saúdeComo falado anteriormente, até o momento, o Kymriah® é o único a ter seu preço definido e, por isso, é o único que está sendo realizado de forma comercial. Para poder aplicar esse tipo de terapia, os hospitais precisam ter uma série de certificações e possuir instalações apropriadas para cuidar do paciente. Um dos centros de tratamento que está trabalhando com essa terapia é o A.C Camargo, em São Paulo.

O Dr. Jayr Schmidt Filho, líder do Centro de Referência de Neoplasias Hematológicas do A.C.Camargo, conta que até fevereiro de 2023, foram realizadas duas infusões da terapia e que, com a precificação do Yescarta®, eles passaram a também oferecer esse procedimento.

Em janeiro deste ano, pela primeira vez, um plano de saúde cobriu a terapia CAR-T. O procedimento foi realizado no Complexo Hospitalar de Niterói (CHN) e a Dra Jordana Ramires Aragão, hematologista especialista em transplante de medula óssea e terapia celular, relata que o paciente beneficiado era um homem de 74 anos com linfoma difuso de grandes células B que já tinha passado por três diferentes tipos de tratamento e não teve sucesso.

“Nesse caso, inicialmente, o paciente recebeu alguns ciclos de quimioterapia padrão, mas não obteve resposta satisfatória. Foi submetido a uma segunda linha de tratamento, com uma quimioterapia diferente da primeira, também sem sucesso. Após essas duas linhas de terapia sistêmica malsucedidas, ele ainda foi submetido à radioterapia local, mas o linfoma persistiu ativo. Por isso, foi considerado refratário a todas as tentativas de tratamento realizadas”, a Dra Jordana descreve.

Como foi o processo com o plano de saúde?

“A primeira etapa de todas foi o envio do relatório ao convênio de saúde do paciente. Entre a solicitação do tratamento e a autorização para realização da aférese (procedimento de coleta dos linfócitos T) decorreram-se 26 dias. O tempo entre a coleta dos linfócitos e o envio para manufatura, no laboratório da empresa Novartis, nos EUA, foi de 7 dias. O tempo entre o envio das células para os EUA e o retorno do medicamento manufaturado ao Brasil foi de 47 dias. Seis dias após a chegada do medicamento à instituição, as células CAR-T foram infundidas no paciente”, a Dra Jordana detalha.

CAR-T Cell para quem usa o Sistema Único de Saúde (SUS)

O CAR-T ainda não foi incorporado ao SUS, devido, principalmente, ao alto custo da terapia. Mas há algumas iniciativas públicas para desenvolver um tratamento que seja menos custoso e possa ser disponibilizado para esses pacientes.

Em junho do ano passado, foi divulgado que seriam entregues duas “fábricas de células” no estado de São Paulo para produzir em larga escala as células CAR-T. Uma das fábricas ficaria na capital do estado, no Instituto Butantan, e a outra em Ribeirão Preto, na Universidade de Medicina da USP.

De acordo com a Revista Exame, entre os dias 14 e 20 de junho as duas fábricas foram entregues: uma no Núcleo de Terapia Celular (Nucel) e a outra no Núcleo de Terapia Avançada (Nutera). O objetivo é que, com a produção nacional, seja possível reduzir o custo para que ela tenha um valor que deve variar de 3% a 5% menos que o preço da terapia importada. A previsão é que essas fábricas consigam atender até 300 pacientes por ano.

Além disso, o Instituto Butantan, também em parceria com a Faculdade de Medicina de São Paulo e o Hemocentro de Ribeirão Preto, começou a testar no primeiro semestre deste ano um CAR-T para linfoma não-Hodgkin de células B. O teste engloba por volta de 30 pacientes com idades entre 18 e 70 anos, tem como foco pacientes que tiveram uma recidiva após o tratamento com terapias convencionais e sua duração é de um ano.

Segundo o jornal O Globo, esse mecanismo já foi utilizado por brasileiros, mas por meio de ‘testes compassivos’, quando as estratégias terapêuticas já foram esgotadas. A ideia é que, com essa pesquisa, o CAR-T Cell possa ser oferecido no SUS.

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Estudos em andamento com a Terapia CAR-T no Brasil

Estudos em andamento com a Terapia CAR-T no BrasilAtualmente, há dois principais estudos em andamento no Brasil: o CARTITUDE-5 e um estudo acadêmico, criado pelo Hospital Israelita Albert Einstein.

O CARTITUDE-5 é um estudo multicêntrico e multinacional, isto é, que acontece em diversos centros de vários países, e é realizado com o Carvykti® para pacientes de mieloma múltiplo recém-diagnosticados. O objetivo da pesquisa é analisar qual tratamento tem melhor resposta:  quimioterapia de indução (bortezomibe, lenalidomida e dexametasona) e com uma única aplicação da CAR-T Cell ou quimioterapia de indução seguida de manutenção (lenalidomida e dexametasona).

“Nosso interesse é saber se pacientes que não são elegíveis a transplante autólogo se beneficiariam do CAR-T mais precocemente”, esclarece o Dr. Nelson Hamerschlak, hematologista e coordenador do Programa de Hematologia e Transplantes de Medula Óssea do Einstein.

O Dr. Jayr Schmidt comenta que o estudo está em aberto, então eles ainda estão incluindo pacientes que fizeram somente uma linha de tratamento quimioterápico. “As pessoas podem ser acomodadas no braço CAR-T ou no braço não CAR-T. Até agora, dois pacientes já foram para o braço CAR-T e já tiveram suas infusões realizadas. A primeira infusão ocorreu no fim de novembro do ano passado, a gente teve o segundo paciente que recebeu a infusão em janeiro deste ano”, ele complementa.

Além do CARTITUDE-5, o Hospital Israelita Albert Einstein está desenvolvendo um estudo acadêmico próprio. “O outro estudo que iniciamos é em leucemia linfocítica aguda e linfomas B agressivos de grandes células que já fizeram mais de duas linhas de tratamento. Trata-se do primeiro estudo acadêmico aprovado pela Anvisa no Brasil, desenvolvido no próprio Einstein com a plataforma Prodigy”, o Dr. Hamerschlak diz.

Ele ainda fala que a primeira paciente já foi incluída e o hospital pretende incluir mais nove (totalizando 10 pessoas) até o final do ano. Quem estiver interessado em entrar nesse estudo deve encaminhar seu relatório médico para o e-mail CarT.HIAE@einstein.br

Fonte: ABRALE – Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia

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