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Talzenna (talazoparibe): novo tratamento para câncer de mama HER2

Talzenna (talazoparibe): novo tratamento para câncer de mama HER2

Pacientes com câncer de mama HER2-negativo, com mutação hereditária no gene BRCA1/2, terão nova opção de tratamento no Brasil. Um novo medicamento acaba de ser aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Talzenna (talazoparibe), desenvolvido pela farmacêutica Pfizer, tem indicação para a doença que já se espalhou para outras partes do corpo, incluindo ossos, fígado, pulmão ou cérebro (localmente avançada ou metastática) e que já foi tratada inicialmente com quimioterapia. A adição dessa medicação oral, tomada uma vez ao dia, pode aumentar o tempo de controle desse tipo de câncer, ao diminuir o tumor ou retardar sua progressão, mantendo a qualidade de vida dos pacientes.

A indicação de tratamento foi avaliada no estudo EMBRACA, que incluiu 431 pacientes com câncer de mama HER-2 negativo metastático ou localmente avançado com gBRCAm tratadas com ≤ 3 regimes quimioterápicos (incluindo o uso de platinantes se intervalo livre de progressão ≥ 6 meses) e foram randomizadas entre talazoparibe ou quimioterapia à escolha do médico investigador (capecitabinaeribulinagencitabina ou vinorelbina). Dentre a população avaliada, 14,6% das pacientes apresentavam história de metástases cerebrais, 70,3% apresentavam metástases viscerais, 44,1% possuíam doença triplo-negativa e 54,5% apresentavam mutação germinativa do gene BRCA2.

O tratamento com talazoparibe reduziu em 46% o risco de progressão de doença ou morte, objetivo primário do estudo, com medianas de 8,6 versus 5,6 meses (HR=0,54; IC de 95%: 0,41-0,71). A taxa de resposta foi 62,6% com talazoparibe e 27,2% com quimioterapia. A avaliação de sobrevida global não demonstrou diferença estatística entre os braços (HR=0,85; IC de 95%: 0,67-1,07). Na avaliação de segurança, a taxa de eventos adversos de graus ≥ 3 com talazoparibe foi de 69,6%. Eventos hematológicos acometeram 70,3% dos pacientes, sendo 56,3% de graus ≥ 3. As principais toxicidades não hematológicas foram fadiga, náuseas, cefaleia, alopecia e vômito.

“A aprovação de Talzenna é o exemplo mais recente de nossa abordagem bem-sucedida de medicina de precisão. Estamos entusiasmados por fortalecer o arsenal terapêutico com uma medicação para os pacientes do Brasil, que, muitas vezes, são diagnosticados com esse tipo de câncer em uma idade jovem e têm opções de tratamento limitadas à quimioterapia”, ressalta Adriana Ribeiro, diretora Médica da Pfizer Brasil.

Quando o DNA dentro de uma célula é danificado, as proteínas BRCA trabalham junto com outras para ajudar a reparar o defeito. Se as células tiverem uma mutação no gene BRCA, a correção não ocorre – e isso, às vezes, pode causar a formação de certos tipos de câncer, como o de mama. Nesse caso, como as células cancerosas têm proteínas BRCA defeituosas, elas dependem de outras proteínas de reparo de DNA, as chamadas PARP, para manter o câncer vivo. Talazoparibe é uma mediação que faz parte de uma classe de drogas que também é conhecida como inibidores da PARP.

Dra. Debora Gagliato, oncologista clínica da BP, A Beneficência Portuguesa de São Paulo, comenta: “Em adição a olaparibe, talazoparibe consiste em uma importante medicação no tratamento de pacientes com câncer de mama avançado HER-2 negativo portadoras de mutação germinativa em BRCA 1 ou 2. O inibidor de PARP foi superior em relação à quimioterapia citotóxica convencional. Dados de qualidade de vida do estudo EMBRACA foram previamente publicados no periódico Annals of Oncology, e demonstram uma melhora global em qualidade de vida, que foi estatisticamente significativa observada no grupo talazoparibe em comparação com quimioterapia.

Adicionalmente, talazoparibe foi associado a um atraso estatisticamente significativo para deterioração nos escores de qualidade de vida (HR 0,38), com mediana para deterioração de 24,3 versus 6,3 meses, no grupo talazoparibe e quimioterapia, respectivamente (p < 0,0001). Em um contexto de doença incurável, a qualidade de vida é um dos desfechos mais importantes, e talazoparibe se destacou claramente em relação à quimioterapia”.

Defeito pode ser identificado em teste genético

Os genes BRCA1 e/ou BRCA 2 mutantes podem ser passados de uma geração para outra, o que explica a existência de famílias com história de câncer de mama em várias gerações. A mutação pode ser descoberta por meio de testes genéticos, servindo para identificar precocemente pessoas mais suscetíveis ao câncer e encaminhá-las para o acompanhamento adequado por profissional de saúde, que irá avaliar a necessidade de intervenções médicas. Estudos epidemiológicos indicam que pessoas com câncer de mama com mutações nos genes BRCA 1 e BRCA 2 são diagnosticadas com faixas etárias mais precoces quando comparadas à população em geral de câncer de mama, entre 30 e 40 anos e 40 a 50 anos, respectivamente.

A mutação, no entanto, não é muito comum, estando presente em apenas cerca de 0,1% da população. Apesar disso, quando presente, os genes BRCA1 e BRCA2 mutantes elevam o risco de câncer de mama de 50% a 85%. Ainda estão relacionados à maior chance de um segundo diagnóstico da doença, ou seja, a mulher com mutações do BRCA1 e BRCA2 tem alto risco de ter um novo câncer de mama, mesmo que tenha conseguido se curar de outro previamente. Homens portadores dos genes BRCA1 ou BRCA2 mutantes também têm um risco aumentado, porém menor, de cerca de 10% para o câncer de mama. Por outro lado, nesses indivíduos, de desenvolver câncer de próstata é até cinco vezes maior.

Fontes: MOC | Manual de Oncologia Clínica do Brasil, Pharma Innovation

 

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