Atualmente, os inibidores de tirosina-quinase utilizados na Leucemia Mieloide Crônica (LMC) são a principal forma de tratar e controlar esse câncer do sangue. Há algumas linhas de tratamento existentes e os principais motivos que tornam necessária a troca do medicamento são o desenvolvimento de efeitos colaterais e a não obtenção da resposta esperada.
Os inibidores de tirosina-quinase, também conhecidos pela sigla ITQ (ou ITK em inglês) são um tipo de terapia-alvo que tem como função bloquear as atividades das enzimas tirosina-quinase. Em outras palavras, ocorrem uma série de sinalizações nas células, que são responsáveis por transformar uma célula saudável em doente, ou seja, no câncer. Dessa forma, os ITKs agem justamente bloqueando (inibindo) as sinalizações.
Essa classe de medicamento pode ser utilizada no tratamento de diversos tipos de câncer, como a leucemia mieloide aguda, a leucemia linfoide crônica, o câncer de pulmão, o tumor de rim e câncer de fígado. Mas, o desenvolvimento dessa terapia mudou, especialmente, o tratamento da leucemia mieloide crônica.
O uso dos inibidores de tirosina-quinase, na LMC, permite controlar a doença e possibilita que os pacientes vivam por muito tempo e com qualidade. Porém, para isso, é preciso que eles tomem a medicação diariamente e, na maioria dos casos, de forma ininterrupta.
Quais são os inibidores de tirosina-quinase utilizados na LMC?
Atualmente, há cinco medicamentos existentes, são eles: imatinibe, nilotinibe, dasatinibe, bosutinibe e ponatinibe. Eles são divididos de acordo com a quantidade de terapias que já foram administradas anteriormente. Então, se é o primeiro medicamento que o paciente está tomando, considera-se ser a primeira linha de tratamento. Mas, se o paciente já fez uso de um ITQ, precisou parar e começar a tomar outro, é um tratamento de segunda linha.
“Na verdade, a gente espera sempre ser o mais assertivo possível na primeira linha de tratamento. Então, esperamos que o tratamento com os inibidores consiga alcançar as melhores respostas, respostas mais profundas e mais duradouras com a primeira linha. Mas, se não conseguirmos alcançar as respostas esperadas nos momentos de avaliação da doença, podemos recorrer às outras linhas de tratamento, ou seja, os inibidores de tirosina-quinase da segunda geração em diante”, explica o Dr. Jayr Schmidt Filho, Líder do Centro de Referência em Neoplasias Hematológicas do A.C.Camargo Cancer Center.
O mais comum é que o imatinibe seja utilizado como tratamento de primeira linha, o dasatinibe como segunda linha e o nilotinibe como terceira linha.
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O Dr. Schmidt ainda conta que há alguns ITKs mais recentes que agem contra mutações específicas que a LMC pode ter e que fazem com que a doença crie resistência aos outros ITKs. Um exemplo dessa nova geração de tratamentos é o ponatinibe.
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Vale ressaltar que o ponatinibe já foi aprovado pela Anvisa, porém por decisão da CONITEC em outubro de 2023, ele não foi incorporado no Sistema Único de Saúde (SUS). Foi feita uma solicitação para que ele fosse disponibilizado para pacientes de LMC que precisassem de resgate por não responderem aos tratamentos de segunda geração (dasatinibe e nilotinibe).
O hematologista comenta que ter essa opção de tratamento no SUS seria relevante, pois essa “é uma droga importante, principalmente para os pacientes que tem alguns perfis mutacionais para os quais ele é, praticamente, a única opção que a temos disponível. Então não ter acesso a ele pode privar os pacientes.” O bosutinibe também não está disponível no SUS.
Quando trocar de inibidor de tirosina-quinase?
Essa é uma decisão que deve ser tomada pelo médico onco-hematologista com base na avaliação dos resultados dos exames e nas informações trazidas pelo paciente, por exemplo, se está apresentando efeitos colaterais ao tratamento da LMC.
O Dr. Schmidt reforça que a meta é conseguir alcançar o resultado esperado na primeira linha de tratamento e isso acontece na maioria dos casos. Porém, se isso não acontecer, pode-se optar pelos outros medicamentos.
Segundo o especialista, a troca pode ser necessária por três principais motivos: primeiro, porque se obteve a resposta desejada em um determinado período; o segundo é caso o paciente desenvolva alguma intolerância ou apresente algum efeito colateral que impacte sua qualidade de vida; por último, caso a LMC sofra alguma mutação fazendo com que ela se torne resistente àquela terapia.
Para saber se o resultado esperado foi alcançado, a pessoa deve realizar o exame de PCR quantitativo e levar o laudo desse teste para que seu médico faça a interpretação.
“Começamos analisar, em termos de resposta hematológica, logo nas primeiras semanas. Mas, para avaliar as respostas citogenéticas e moleculares, a gente espera, pelo menos, três meses de tratamento. É assim que avaliamos se o tratamento é efetivo ou não”, o Dr. Schmidt diz.
Já em relação aos efeitos colaterais, as reações variam de acordo com cada medicamento. Os principais efeitos colaterais do imatinibe são:
- Neutropenia
- Trombocitopenia
- Anemia
- Dor de cabeça
- Náusea
- Vômito
- Câimbras
- Dor musculoesquelética
- Fadiga
Porém, o Dr. Jayr Schmidt Filho conta que outros possíveis efeitos colaterais dos inibidores de tirosina-quinase são as toxicidades cardíacas, risco de trombose, edemas e intolerâncias gastrointestinais.
Por isso, é muito importante que, caso o paciente apresente algum sintoma ou perceba que algo está diferente no seu corpo, relate ao médico. Ele irá fazer uma avaliação para identificar se é preciso fazer a troca de ITK ou qual outra solução para tratar o quadro.
Fonte: ABRALE – Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia
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As informações têm caráter informativo e não devem ser usadas para autodiagnostico ou para substituir as orientações do médico.
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